A Campanha Setembro Verde tem por objetivo conscientizar as pessoas sobre a importância da Doação de órgãos e tecidos e mostrar os impactos positivos que este ato de amor ao próximo pode promover, e o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Marília – HCFAMEMA, por meio da sua Organização de Procura de Órgãos (OPO), alerta a população da necessidade de apoio de toda a comunidade nesta causa.
No Brasil, durante o período da pandemia da COVID-19, houve uma redução de 33% nas ações de doação de órgãos, 49% no número de transplantes e 45% em inscrições em lista. Países como Alemanha, Austrália, Portugal, Espanha e Estados Unidos também registraram uma queda significativa das atividades de doação e transplantes nesse período, em alguns casos houve até suspensão do programa. Diante da situação desses países, apesar da queda nos números, o Brasil conseguiu manter seu programa de transplantes funcionando.
A OPO/HCFAMEMA, que tem uma área de abrangência de 123 cidades na nossa região, apresentou dados diferentes da média brasileira no período da pandemia. Mesmo com as restrições e suspensões que atingiram o Sistema Nacional de Transplantes, a OPO ofertou 33 doadores em 2020, número este 26% maior que o registrado em 2019. Com estas doações houve a captação de 97 órgãos. “Tivemos o desafio de adaptar a rotina do processo de captação, incluindo a testagem para COVID-19, o que atrasou um pouco a logística, porém não inviabilizou o processo. Lembrando que a recente oferta da testagem no Laboratório do HCFAMEMA muito contribuiu com a logística das captações”, afirmou Dr. Renato Tambelli, médico coordenador da OPO/HCFAMEMA.
Um dos principais entraves para que um órgão seja doado no Brasil é a negativa familiar. No ano de 2018, 43% das famílias recusaram a doação de órgãos de seus parentes após morte encefálica comprovada. Uma das razões para a recusa dos parentes em doar órgãos é a falta de conhecimento sobre o que é a morte encefálica, um processo irreversível. “A morte encefálica ocorre quando há uma lesão grave e irreversível no cérebro. Essa lesão pode acontecer após se levar um tiro, sofrer um acidente de trânsito, também após um derrame cerebral ou uma parada cardíaca prolongada. Quando o cérebro para de funcionar, a pessoa para de respirar, e só continua respirando por meio artificial. Nesse momento, se realiza uma bateria rigorosa de testes clínicos e exames para se constatar a morte encefálica. Somente após concluir esse processo é que se procura a família para pedir autorização para que os órgãos possam ser doados”, explicou Dr. Tambelli.
Estima-se que 40 mil brasileiros estão na fila de espera por um órgão ou tecido e são realizados no país cerca de 4 a 6 mil transplantes por ano. Ou seja, ainda existe um longo caminho a ser percorrido para equilibrar esses números.
Para se tornar doador de órgãos e tecidos no Brasil, você precisa somente conversar com sua família sobre o seu desejo. A autorização para o processo deve ser feita pelos seus familiares diante do diagnóstico de Morte Encefálica.