O que é vida para você? Você já se fez essa pergunta?
Um dos principais objetivos na Saúde se debruça na famosa frase de William Osler: “Curar às vezes, aliviar frequentemente, confortar sempre”. Entretanto, o quanto realmente priorizamos este olhar durante os nossos atendimentos?
Os profissionais de Saúde se formam constantemente com uma ideia de sempre “salvar vidas”, e quando essa vida talvez esteja frente a uma doença que pode não ter cura? Como podemos cuidar sem deixar de curar?
Frente a essa comum frustração profissional é frequente a tentativa de prolongamento da vida a qualquer custo, independente se com qualidade ou não, e independente se com sofrimento ou não. Temos dificuldade em compreender os limites de tratamento que existem frente a uma doença, principalmente quando não se enxerga o cenário de forma integral, ou seja, o sofrimento nas suas quatro esferas: biológica, psicológica, social e espiritual.
Em nossas famílias e no trabalho não é incomum lidarmos com doenças graves as quais podem levar a morte, porém para todas essas situações existem os Cuidados Paliativos e, entre eles, vamos destacar oito princípios fundamentais:
1) Aplicação Contínua – desde o diagnóstico de uma doença grave que pode levar à morte e que ocorre em vários cenários de cuidados (atenção 1ª à 3ª);
2) Não exclui outros tratamentos, é sempre complementar;
3) Apoia não só o paciente, mas também familiares e cuidadores;
4) Compreende a importância do plano de cuidado frente aos valores, culturas e crenças;
5) Realiza comunicação facilitadora e eficaz;
6) Não antecipa (eutanásia), nem adia a morte (distanásia);
7) Ofertar influência positiva na progressão da doença, incluindo possibilidade de aumento de sobrevida;
8) Pode ser realizado por profissionais com treinamento básico.
Ao refletirmos sobre os Cuidados Paliativos e sua importância, sem dúvida, podemos entender o quão necessário é ampliarmos o nosso olhar e perguntar àqueles que realmente sofrem, como os pacientes e familiares, o que é mais importante neste momento e quais são seus valores. Afinal, todos somos seres complexos com suas próprias crenças, culturas e valores.
Colaboração: Dr. Guilherme Munhoz – Interconsultor de Cuidados Paliativos do HCFAMEMA.